quinta-feira, 3 de junho de 2010

Por que as articulações estalam?




  Acho que todo fisioterapeuta já foi questionado quanto a este estranho fenômeno sonoro. Mas afinal, como se explica este barulho?
  A resposta padrão dá conta de que a descompressão súbita dos gases diluídos no líquido sinovial forma  bolhas de gás no interior da articulação, as quais causam este estalido audível. O pior é que geralmente nos damos por satisfeitos com esta explicação, mesmo sem questionar se faz ou não sentido (gases no líquido sinovial? Bolhas no interior da articulação?) ou mesmo se existe algum fundamento científico para esta resposta.
  Pois bem, hoje resolvi bancar o caçador de mitos e investigar este fenômeno pouco compreendido que constitui um verdadeiro enigma da fisioterapia.


O FENÔMENO DE CAVITAÇÃO


  Logo de cara devo dizer que a hipótese do ruído ser causado por bolhas no líquido sinovial não é fruto da imaginação fértil de algum cientista maluco, mas sim baseada nos resultados de pesquisas científicas.
  Nos experimentos realizados nas articulações dos dedos das mãos, as articulações foram inicialmente separadas por cerca de 1,8 milímetro, e em seguida registrada a força de distração da articulação e simultaneamente uma radiografia para investigar a distância entre os ossos. Eles observaram que conforme a tensão de distração aumentava a distância entre os ossos também aumentava de forma proporcional. No entanto logo após o estalo, a radiografia mostrava um aumento muito grande no espaço entre os ossos - ou seja: o comportamento mecânico da articulação era significativamente modificado após o estalo.
  Além disso, eles também estudaram a composição do gás diluído no líquido sinovial. A maior parte (80%) desse gás é composto por dióxido de carbono, e seu volume corresponde a cerca de 15% do volume da articulação. Foi calculado que após o estalo, o gás demorava uns 30 minutos para se dissolver novamente no líquido sinovial. Curiosamente, este intervalo é bem próximo ao tempo necessário para que a articulação possa ser estalada novamente.
  Conclui-se que as articulações após o estalo apresentam uma escala significativamente maior de movimento. Isso indica que o fenômeno sonoro é associado à pelo menos um aumento temporário na amplitude de movimento de uma articulação.

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