Dores de inverno? Será que isso existe?
As mudanças na temperatura contribuem sim para o aumento das dores e
podem ser um tremendo incômodo para algumas pessoas. Saiba como
identificá-las e preveni-las.
Todo ano é a mesma coisa: se temperatura abaixa, todos os brasileiros
começam a pensar na aposentadoria dos chinelos de praia e na preparação de
uma suculenta feijoada. Mas além de se preocupar com as gostosas
tipicalidades da estação, muita gente passa a sofrer por antecipação, já que
o frio pode ser um suplício para alguns, causando “uis” daqui e “ais” acolá.
Mas será que as variações de temperatura têm mesmo alguma influência sobre o
corpo?
Incômodo real
Nessas horas, aparecem pessoas que acreditam que as dores que aparecem no
inverno não têm nada a ver com explicações científicas, falando que tudo não
passa de frescura alheia. Mas ao contrário do que se pensa, uma das
prováveis causas dessa sensibilidade à dor nos dias mais amenos é que as
baixas temperaturas provocam a constrição vascular e prejudicam a circulação
corpórea. E já que as terminações nervosas estão tão sensíveis e por
necessitar tanto de aquecimento, o organismo passa a provocar contrações
musculares, deixando todo mundo com aquela incômoda dorzinha que não se sabe
de onde vem. Além disso, segundo o reumatologista Carmo de Freitas, as
articulações passam por transformações interessantes e que merecem atenção,
já que elas são as que mais sofrem com o inverno. “O líquido sinovial
[lubrificante das articulações] fica mais espesso nesta estação e com o
esfriamento das juntas, pode ocorrer a limitação de movimentos, o que gera
muita indisposição para quem é mais passível à dor. E estudos revelam que
70% dos portadores de artrite são sensíveis ao frio e de maio até agosto,
vários pacientes me procuram para acabar com este sofrimento”, conta.
Gordinhos x magrinhos
Como se não bastasse, pessoas mais magras tendem a sofrer mais com a queda
da temperatura. “O pessoal acredita que isso tudo é mito, mas não é. A
gordura corporal funciona como um isolante térmico e forma uma espécie de
casaco natural, deixando os gordinhos um pouco mais afastados das temidas
dores de inverno. Mas isso não quer dizer que eles estejam alheios a este
problema”, constata o médico. Ainda de acordo com o especialista, em busca
de se esquentar, muita gente passa a andar curvada, com os braços cruzados
na frente do peito e se sentar de forma encolhida, o que pode contribuir
para o mal-estar contínuo. “Geralmente, a melhor saída para a maior parte
das queixas está no alinhamento postural, que ajuda a prevenir as dores e
faz com que os músculos possam funcionar de maneira adequada, prevenindo o
excesso de tensão no corpo”.
Mas o que fazer para manter o esqueleto ereto? Carmo acredita que a prática
de exercícios físicos é essencial para quem quer passar pelo inverno sem
sentir dores por aí. “O impacto de uma caminhada é muito positivo nesta ou
em qualquer outra época do ano, pois favorece o equilíbrio físico e
emocional, fortalece os ossos, aumenta a mobilidade e flexibilidade, mantém
a postura e aumenta a capacidade de coordenação dos movimentos. Com os
músculos flácidos, a coluna fica instável e dor é mais provável. Além disso,
bolsas de água quente [aplicadas sobre as juntas] e banhos constantes trazem
muito alívio e relaxam os músculos de forma temporária, mas são uma benção
para quem padece de dores crônicas no inverno”.
Para passar o inverno sem dor, siga as dicas de Carmo de Freitas e não deixe
de procurar um especialista caso os “ais” e “uis” não queiram ir embora.
- Ao acordar: Ainda na cama, estique bem os calcanhares, levando os dedos
dos pés em direção às canelas para alongar a panturrilha e evitar as famosas
câimbras noturnas. Conte até 10 e repita o processo três vezes. Depois, faça
movimentos circulares com os pés, no mesmo processo de contagem. Além disso,
mexa-os para cima e para baixo (como se acelerasse e desacelerasse um
carro). Esse exercício contribui para o bombeamento do sangue para as
extremidades do corpo e é perfeito para começar o dia de forma bem disposta!
- Para esquentar as mãos: Nada de esfrega daqui ou esfrega acolá. Sentado em
posição confortável ou mesmo em pé, deixe a palma de uma das mãos virada
para cima. Com o polegar da mão oposta, massageie a região do punho com
movimentos circulares. Em seguida, inverta as mãos e faça o mesmo processo.
Esta massagem ativa a circulação e faz com que a região fique aquecida muito
mais rapidamente.
- Para esquentar os pés e pernas: Em pé, deixe os pés de forma paralela,
virados para frente. Suba na ponta dos pés, volte aos calcanhares, mas sem
tocar no chão. Faça o movimento como se estivesse com duas molas debaixo dos
pés e repita a operação várias vezes, acelerando e diminuindo o ritmo.
- Faça exercícios físicos: Caminhadas são primordiais para quem quer deixar
as dores bem longe. Se alongue bem antes de fazer qualquer atividade (como o
líquido intramuscular engrossa com o frio, qualquer movimento mal calculado
pode provocar uma distensão muscular); use roupas apropriadas (se agasalhe,
mas não vista roupas que impeçam seus movimentos e cuidado na hora de
retirá-las: como o corpo continua liberando calor após a prática, o choque
de temperatura pode gerar problemas de trato respiratório); alimente-se bem
(quem não é diabético, deve ingerir uma pequena porção de doce antes de
começar a caminhar, pois o açúcar acelera o metabolismo, faz o sangue
circular mais rápido e ajuda a manter o corpo aquecido); tenha atenção com
as extremidades do corpo (mantenha as mãos, os pés e a cabeça estimulados o
tempo todo. Eles não recebem o sangue tão quente e por isso ficam gelados
mais rapidamente. Por isso, cuidado!); não exagere (programe-se para fazer o
exercício ao ar livre por no máximo 30 minutos diários. Se você não está
habituado, siga o seu ritmo); beba muita água (no inverno também existe a
desidratação e a perda de água prejudica a capacidade do corpo produzir
calor); tenha cuidado com a coluna e com a postura (ande ereto e tenha
sempre a ajuda de um profissional de educação física ou um médico para
acompanhá-lo) e use calçados confortáveis (nada de trocar o tênis por botas.
Para vencer o frio, use meias mais quentes, mas não se esqueça do conforto e
da mobilidade).
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